Modelando "plataformas de transações"

In today’s hypercompetitive environment enabled by technology, ownership of infrastructure no longer provides a defensible advantage. Instead, flexibility provides the crucial competitive edge, competition is perpetual motion, and advantage is evanescent.
Geoffrey G. Parker

Plataformas estão revolucionando a competição. Em praticamente qualquer área de negócios, a presença de uma plataforma redefine ou elimina a atuação dos incumbents. Já foi assim, por exemplo, com plataformas como o Uber (que redefiniu mobilidade urbana), AirBnB (que redefiniu hospedagens), Coursera (que redefiniu capacitações on-line), Alibaba (que redefiniu varejo online) e iFood (que está redefinindo delivery).

Considerações sobre plataformas

Pensamento Estratégico

Neste capítulo, apresento exemplos, definições e insights sobre plataformas e seus impactos para o pensamento estratégico.

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Sob a perspectiva da arquitetura corporativa, esforços para a modelagem de plataformas podem ajudar empresas a entendê-las, fundamentando a mitigação de ameaças ou o aproveitamento de oportunidade.

A arquitetura corporativa, com relação a plataformas, cumpre o seu papel, como sempre, orientando a estratégia e direcionando a operação, ajudando a explicitar capabilities, funções de negócio, papéis, recursos e responsabilidades, colaborando para a assertividade
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Estrutura básica de uma plataforma de transações

Estruturalmente, podemos analisar plataformas a partir de seus “atores”. Há quatro tipos de “atores” comuns em plataformas:

  1. Proprietário, que detêm propriedade intelectual e garante a governança;
  2. Provedores (prestadores de serviços especializados), que fornecem interfaces para serviços comuns, como meios de pagamento e acesso;
  3. Produtores, que disponibilizam ofertas por meio da plataforma;
  4. Consumidores, que contratam as “ofertas” dos produtores.

Na figura abaixo fica expressa a relação entre os “atores” de um ecossistema de plataforma, utilizando o Android como referência.

Plataforma: A Revolução da Estratégia

Interessado em entender plataformas em profundidade? Então este livro é referência fundamental. Ele apresenta conceitos, implicações e aspectos arquiteturais fundamentais para entender, com profundidade, como plataformas estão revolucionando a estratégia.

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Estratégia para plataformas de transações

O “segredo do sucesso” de qualquer plataforma de transações é o atingimento contínuo de efeitos de rede positivos. Ou seja, sucesso na aquisição de consumidores em quantidade suficiente para motivar a ampliação na rede de produtores. De forma análoga, ampliação na quantidade de oferta de produtores, gerando diferenciação e liderança em custo, motivando a ampliação na rede de clientes.

A “modelagem” dos efeitos de rede positivos na Uber acontece, por exemplo, pelo entendimento do ciclo virtuoso primário da plataforma, onde mais motoristas dão a plataforma maior cobertura geográfica, que por sua vez, reduzem os tempos de espera, incentivando a ampliação da demanda, atraindo mais motoristas.

O ciclo virtuoso primário ativa um segundo ciclo, onde, menores tempo de espera para passageiros implicam em “menos tempo de deslocamento inútil” para motoristas, reduzindo a estrutura geral de custos, permitindo a prática de preços mais baixos, impulsionando a demanda.

Estrategicamente, efeitos de redes positivos são atingidos mais rapidamente, em plataformas, quando elas:

  1. se concentram em orquestrar, no lugar de possuir, recursos; Uber orquestra e não possui frota de carros, AirBnB orquestra e não possui alocações para hospedagens, etc.
  2. dão ênfase às interações externas, facilitando interações entre participantes;
  3.  maximizam valor para todo o ecossistema, não apenas para os consumidores. Uber precisa que motoristas fiquem menos tempo com “carro vazio” para poder cobrar menos dos clientes; AirBnB precisa alocações vantajosas em períodos ideais para os anfitriões, para garantir serviços superiores para os hóspedes.
Utilize as “visões de modelo” propostas aqui como templates para a plataforma que estiver modelando. Tome o cuidado de substituir descrições genéricas indicadas aqui por outras mais aderentes a sua realidade. 

Capabilites essenciais em plataformas de transações

Para cumprir adequadamente as estratégia, maximizando a geração de efeitos de redes positivos, plataformas precisam desenvolver três capabilites essenciais: atrair participantes, facilitar interações entre eles e combinar interesses de maneira apropriada.
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Na Uber, por exemplo, selecionar um motorista parceiro próximo (distância e tempo) do passageiro é essencial para reduzir os tempos de pick-up. Também é muito importante garantir que a interação entre passageiro e motorista seja positiva para ambas as partes. Essas duas capabilities aumenta a atratividade da plataforma como um todo.

Tente identificar e apresentar em suas modelagens capabilities complementares que colaborem para as indicadas aqui. Na Uber, por exemplo, avaliar a “ficha limpa” de motoristas e passageiros é uma capability essencial.

Serviços essenciais em plataformas de transações

Boa parte das interações entre os participantes de uma plataforma acontece pela troca de informações, produtos ou serviços e de algum tipo de compensação (nem sempre financeira).

No YouTube, por exemplo, produtores fornecem conteúdo áudio visual recebendo feedbacks na forma de curtidas e comentários. Enquanto isso, a compensação acontece em consequência “inscrições e curtidas” que, eventualmente, resultam em mais anunciantes com suas verbas de publicidade.

A implementação da plataforma poderá contemplar, eventualmente, a realização total ou apenas parcial dos serviços.

Ao modelar uma plataforma, dedique especial atenção as “moedas de troca” envolvidas. Geralmente será da “compensação” dos participantes que surge a principal monetização da plataforma.

Modelando interações em plataformas de transações

As interações, em uma plataforma é que potencializam a troca de informações, produtos e serviços e, consequentemente, de compensações. Ao modelar uma interação é importante identificar os papéis dos participantes que serão envolvidos, a unidade de valor que está no centro e os critérios de matching.

Muitas organizações proprietárias falham por modelar muitas “possibilidades” de interações sem concentrar esforços em uma “principal”. Isso pode deixar a plataforma com propósito indefinido (problema do Facebook hoje).

Sempre conduza as discussões estratégicas para a explicitação da principal interação da plataforma.

Dos negócios para a tecnologia e para a infraestrutura

Como já vimos no capítulo “Modelando serviços de negócio, aplicação e infraestrutura“, é a partir dos aspectos de negócio que deve-se derivar oportunidades e iniciativas tecnológicas.

De posse de visões do modelo representadas nos diagramas acima, o arquiteto corporativo poderá delimitar que interfaces, serviços e aplicações tecnológicas serão necessárias – dessas, quais deverão ser feitas “dentro de casa” e quais são mais bem atendidas por fornecedores de nicho.

Para pensar…

Plataformas estão revolucionando a competição. O negócio da sua empresa, caso já ainda não seja afetado por uma plataforma, o será em breve. A atuação do arquiteto corporativo poderá ajudar a definir se isso representa uma ameaça que precisa ser mitigada ou uma oportunidade que poderá ser aproveitada.

// TODO

Antes de avançar para um próximo capítulo, recomendo as seguintes atividades:

  1. Reflita quanto a existência e a importância de plataformas no segmento de atuação de sua empresa.
  2. Escolha uma plataforma (algumas sugestões são Uber, AirBnB, Facebook e Youtube) e tente criar visões de modelo partindo dos templates indicados nesse capítulo.

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AUTOR

Elemar Júnior

Fundador e CEO da EximiaCo, atua como tech trusted advisor ajudando diversas empresas a gerar mais resultados através da tecnologia. 

COAUTOR

Juares Rigotti

Consultor estratégico na EximiaCo, habituado a solucionar problemas complexos – equilibrando pessoas, processos e tecnologia – de maneira simples.

Mentoria em

Arquitetura Corporativa

Como estruturar as práticas de arquitetura corporativa e gerar os artefatos base para acelerar geração de resultados.

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